Vampyroteuthis Infernalis



Gravações submarinas do rio Tietê e bolhas artificiais. Composição para o Primeiro Encontro de Parafísica, no lançamento do livro de Vilém Flüsser e Louis Bec.


Três exemplares de foram pescados ultimamente no mar da China. Isto não basta. São necessárias explorações ulteriores das profundidades. Das profundidades oceânicas, e igualmente das que se escondem na nossa interioridade. Tais abismos escondem, sem dúvida, segredos mais espantosos que os descobertos no cosmos. Sem dúvida: tais explorações vão sendo empreendidas constantemente, e são equipadas de instrumentário de mais em mais refinado. Mas o que é preciso fazer é coordenação das expedições exploradoras. 
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O mundo no qual vivemos tem a simetria de espelhos contrapostos. Tudo em tal mundo se reflete. Tal simetria é consequência do estar-no-mundo humano. O homem se reflete no mundo, e o mundo no homem, e este vai-vem de contraposições refletidas é a própria realidade humana. Pois isto implica não apenas que os abismos “externos” são reflexões dos abismos “internos” e vice-versa, mas implica igualmente que os abismos refletem o explorador e o explorador os abismos. De maneira que não apenas todas as expedições, venham elas de não importa o local, vão ultimamente esbarrar contra Vampyroteuthis, mas igualmente vão esbarrar contra si próprias. Vão encontrar Vampyroteuthis, e vão encontrar-se em Vampyroteuthis. É que ele habita todas as nossas profundidades, e nós habitamos ele. E este encontro de si próprio no outro extremo do mundo é o derradeiro propósito de todas as explorações humanas. Porque, “no fundo”, o único tema do homem é o homem. A existência do Vampyrotheutis é retorção que visa a abrir-se para o mundo. Se para os homens o espaço é extensão inerte sustentada por esqueleto interno cartesiano, para ele o espaço é tensão retorcida sustentada por concha em espiral externa. Se para os homens a distância mais curta entre dois pontos é a reta, para ele a distância mais curta é a mola que faz coincidir os dois pontos quando retraída. Em consequência, sua geometria é dinâmica: ele não pode ser platônico, mas sim orgástico; sua atitude não será a da contemplação filosófica, mas sim a da vertigem filosófica.

#OCCUPYOCCUPY


Gravações da Torre Castelo em Campinas, composição para três violinos de Valinhos, edições sobre "All Along The Watchtower" de Bob Dylan na versão de Jimi Hendrix. Instalação multimídia "Ícone" que transformou a Torre Castelo em uma Watchtower com videomapping do Bijari com uma gama enorme de vídeos das últimas tomadas do espaço público em prol de uma democracia real e participativa, que não estão sendo noticiadas pela grande mídia. Esta mesma mídia   junto ao poder público tenta desinformar a população local sobre o ocorrido na praça, dizendo se tratar de um fato estético. Seguimos buscando uma sofilopsiquia da economologia: ecologia das diversas economias subjetivas e suas implicações físico-sociais. Postulação científica do lucro como crime e da dívida como produção ilusória da culpa social que leva à escravidão plutocrática. Uma estratégia de ação complexa que possa iniciar a sanar um problema cultivado por escravos que sofrem desde o útero de menticídio generalizado. Seguimos questionando a cartografia cibernética de todas as cadeias de produção, transmutação e reciclagem integradas para iniciarmos a vislumbrar uma valoração real dos produtos e estabelecermos metas de subsídio mínimo a toda humanidade. O resto é espetáculo.

Água Fátua







Gravações do mar de Athenas e da Baía de Paranaguá e colagens com "La Mér" de Claude Debussy, "Como Una Ola de Fuerza Y Luz" de Luigi Nono, "O Mar do Níger" de Almeida Prado, "Água de Beber" de Baden Powell. Trilha para o filme "Amor Fati" de Marcelo Munhoz. Fati amor.